Treze edifícios do concelho de Vila Nova de Famalicão projetados pelo arquiteto Januário Godinho (1910 – 1990) estão agora reunidos num roteiro que tem como objetivo divulgar e valorizar a arquitetura moderna em Famalicão. O roteiro arranca nos Paços do Concelho, um dos ex-libris da obra de Januário Godinho, passa por diversas casas particulares e segue depois para a freguesia de Louro onde se localiza a maior parte de edifícios públicos projetados pelo arquiteto, desde a Junta de Freguesia, Centro Paroquial, cemitério e zona comercial, entre outros.
“A melhor forma de valorizar e preservar é dar a conhecer, é levar as pessoas até aos locais e criar elos de ligação”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, esta manhã, durante o colóquio “Famalicão, Marcas de Modernidade”, onde foi apresentado o roteiro. De resto, um dos pontos altos do programa foi mesmo a realização do roteiro, com uma visita guiada às treze obras de Januário Godinho. O mapa ficará, nos próximos dias, disponível no site do município em www.vilanovadefamalicao.org.
Durante o evento foi ainda apresentado o Prémio de Arquitetura Januário Godinho, que arranca em 2017 e tem como objetivo galardoar a melhor reabilitação de edifício no concelho. De periodicidade bianual, o Prémio terá um valor pecuniário de 7 mil euros, cabendo dois mil euros ao promotor da obra e cinco mil à equipa projetista.
“O prémio serve essencialmente para homenagear Januário Godinho e a sua vasta obra, mas tem também a função de incentivar novas ideias, novas obras e novos arquitetos”, explicou Paulo Cunha, acrescentando que “estas iniciativas pretendem ainda criar condições para que a sociedade desperte para estes temas, tornando-a mais participativa e exigente”.
Refira-se que as iniciativas inserem-se no âmbito da colaboração entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e o Grupo de Estudos de Arquitetura do Centro de Estudos Arnaldo Araújo da Escola Superior Artística do Porto, contando com o apoio da Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Norte.
Para a diretora do Centro de Estudos Arnaldo Araújo da Escola Superior Artística do Porto, Helena Maia, “esta colaboração com a autarquia famalicense tem sido uma experiência nova, que tem permitido trazer uma dimensão mais prática e pragmática da realidade quotidiana, o que tem sido muito proveitoso para ambos os lados”.
Refira-se que foi ainda inaugurada a exposição “Januário Godinho Arquiteto (1910 – 1990). Através da materialidade.”, que estará patente até 25 de novembro, nos Paços do Concelho.
Januário Godinho foi um arquiteto português nascido em 1910, em Ovar, e falecido em 1990 Januário Godinho estudou na ESBAP - Escola Superior de Belas Artes do Porto, entre 1925 e 1930, tendo obtido o diploma com o estudo para o Hotel do Parque-Vidago em 1941, onde começa a esboçar algumas das preocupações que o perseguem ao longo da sua carreira, como a leitura e interpretação do lugar, o ritual dos acessos, a relação entre
As suas principais obras são: o Mercado do Peixe de Massarelos, Porto (1932); as pousadas realizadas para a Hidroelétrica do Cávado (1949-1959), para Vila Nova, Salamonde, Sidroz e Pisões; Casa Afonso Barbosa, Famalicão (1941); a Sede da Hidroelétrica, Porto (1953); os palácios da Justiça de Tomar (1951), de Vila do Conde (1953), de Ovar (1960) e de Lisboa (1960), em coautoria com João Andersen; o Edifício Calouste Gulbenkian no LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa (1961), igualmente em coautoria com João Andersen, e os Planos de Urbanização de Coimbra (1968) e de Amarante (1965).
Refira-se que a relação de Januário Godinho com Vila Nova de Famalicão surge nos anos 40 e prolonga-se até ao final da década de 80. As suas obras pontuam o território, mas é no Louro que se encontra um número mais significativo.
Da obra deixada no concelho por Januário Godinho destaca-se o edifício dos Paços do Concelho e o antigo Tribunal; na freguesia de Antas o edifício para o Banco Português do Atlântico (1953); na freguesia de Brufe a casa Afonso Barbosa (1940-42); na freguesia do Louro várias construções na Quinta de Seara, propriedade do banqueiro Artur Cupertino de Miranda, o mercado, a igreja, a Casa do Povo, o centro paroquial e o cemitério. Na freguesia de Requião, cujo promotor foi o industrial Manuel Gonçalves, destaca-se o projeto da Casa Manuel Gonçalves, a Quinta de Compostela e a Têxteis Manuel Gonçalves.