No roteiro do património histórico e da arquitetura nacional, mas também
do design, há mais um “hotspot” para acrescentar. É o Palácio da Igreja
Velha, em Vermoim, Vila Nova de Famalicão, que acaba de ser totalmente
intervencionado, com projeto de arquitetura já premiado e pela mestria
da Telhabel, grupo de construção civil famalicense.
O renascimento do Palácio da Igreja Velha começou a escrever-se em 2012
quando a Telhabel adquiriu este singular património histórico, então
degradado e com futuro incerto, para o recuperar e reabilitar. Terminada
a intervenção, o resultado final, apreciado esta manhã pelo Presidente
da Câmara Municipal numa visita a pretexto do roteiro Famalicão Made IN,
representou um investimento de 5 milhões de euros.
Aliás, o Palácio da Igreja Velha é para Paulo Cunha, “talvez, um dos
melhores exemplos no concelho de investimento privado com interesse de
utilidade pública”.
Esta imponente construção, edificada em 1881 ao estilo barroco, com duas
torres acasteladas e uma capela de estilo neogótico, dedicada a S.
Francisco de Assis, está agora salvaguardada e valorizada,
vocacionando-se para a realização de eventos e para hospedar quem neles
participa.
Recentemente o Palácio da Igreja Velha foi motivo de notícias positivas
em Portugal e no mundo. A sua extensão venceu o conceituado prémio da
Architizer, plataforma online de arquitetura que reúne trabalhos de mais
de 40 mil empresas de arquitetura do mundo, num projeto assinado por
três arquitetos, entre os quais o famalicense Nuno Poiarez, do gabinete
Visioarq.
A intervenção consistiu na ampliação de um palácio com elementos
barrocos e neogóticos, respeitando o protagonismo, a essência e o ADN do
espaço. “O desafio era fazê-lo sem disrupção visual no conjunto
histórico. E, atendendo à peça modernista que tínhamos que integrar,
revelou-se um grande desafio”, explicou Nuno Poiarez, acompanhado pelo
responsável da Telhabel, Fernando Gonçalves, referindo que a resposta
foi encontrada na recriação dos espigueiros, construção tradicional da
região do Minho.
Com quatro elementos construtivos – aço, vidro, pedra e madeira –, o
novo volume foi executado em dez meses, mantendo a harmonia cromática e
volumétrica do espaço, e, segundo Poiarez, “é uma obra de engenharia
muito complexa”. O desenho “nasceu de um olhar metálico para o
espigueiro do século XXI, que parece levitar com a sua fina pele em aço
[cobertura tem apenas 1,5 centímetros de espessura] sobre uma base de
pedra e vidro”, explicou.
Fantástica e deslumbrante. São os qualitativos que Paulo Cunha emprega
para descrever a intervenção no Palácio da Igreja Velha. “Não me canso
de elogiar a atitude da Telhabel, que concretizou a intervenção da
melhor forma possível para proteger e valorizar este património e deixar
um legado histórico ao concelho. Muitas gerações de famalicenses, estou
certo, vão reconhecer o trabalho que aqui foi realizado”, disse,
salientando: “A Câmara Municipal sempre foi parte interessada neste
processo e fez o que tinha que fazer para que ele fosse bem-sucedido.
Ficamos muito satisfeitos quando soubemos que o grupo tinha adquirido
este espaço, porque essa aquisição sinalizou que ia haver uma
reconversão. A qualidade, a persistência e a relação muito forte da
Telhabel com o nosso concelho são talvez as razões que mais pesaram para
que tivéssemos chegado a este resultado.”