“Uma surpresa muito agradável”. Foi desta forma que o escritor Mário de Carvalho reagiu à notícia da vitória do Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. O anúncio foi feito publicamente nesta quinta-feira, a partir do escritório de Camilo Castelo Branco, na sua Casa-Museu, em S. Miguel de Seide, onde o escritor viveu os últimos anos da sua vida e onde escreveu algumas das suas maiores obras literárias.
Mário de Carvalho disse que foi “uma notícia totalmente inesperada o que a torna ainda mais saborosa”. "A Liberdade de Pátio" da Porto Editora foi a obra que valeu a Mário de Carvalho o prémio, que aliás conhece bem, já que em 1991 tinha vencido a primeira edição com "Quatrocentos Mil Sestércios Seguido de O Conde Jano".
“Recordo agora os bons momentos que me proporcionou o primeiro prémio em 1991, recordo como, na altura, o espírito de Camilo pairava sobre a comunidade literária, lembro-me de ter visitado a Casa Museu de Camilo, onde já lá tinha estado com o meu pai, enquanto adolescente”, salienta o escritor.
Mário de Carvalho refere ainda que este prémio representa “o bom lado da vida de um escritor”. “É o reconhecimento de um júri qualificado, que serve de estímulo de que vale a pena continuar a escrever. É sinal que o livro foi lido e reconhecido”, acrescenta.
De acordo com o presidente da APE, José Manuel Mendes, o prémio que já vai na sua 22.º edição, contou com cerca de 50 obras a concurso, tendo a escolha de Mário de Carvalho sido por maioria.
"É um livro invulgar, de uma qualidade estética invulgar", referiu José Manuel Mendes, referindo ainda “a estrutura da narrativa, o fulgor da palavra do escritor e algo novo na obra” como elementos diferenciadores de Mário de Carvalho. “O nome do vencedor surgiu de uma discussão intensa e um debate sério”, acrescentou ainda.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, garantiu que esta parceria com a APE é "para continuar e aprofundar", sublinhando que o prémio tem servido não só como lançamento de novos escritores mas também como consagração de outros.
Instituído em 1991, ao abrigo de um protocolo entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e a Associação Portuguesa de Escritores (APE), o Grande Prémio do Conto destina-se a galardoar uma obra em língua portuguesa de um autor português ou de um país africano de expressão portuguesa, com um prémio de 7.500 euros.
Romancista, contista, dramaturgo e argumentista português. Mário de Carvalho tem vários livros publicados, sendo impossível incluí-lo em qualquer escola ou corrente literária. Todas as suas peças de teatro foram levadas à cena, em Portugal ou no estrangeiro. Foram-lhe atribuídos em Itália os prémios Giuseppe Acerbi (Passegia un dio nella bresa della sera) e Citá de Cassino (I sottotenenti). A 9 de Junho de 2014 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Refira-se que o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco distinguiu já escritores como Mário de Carvalho, Teresa Veiga (duas vezes), Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho, Miguel Miranda, Luísa Costa Gomes, José Jorge Letria e José Eduardo Agualusa.
José Viale Moutinho, António Mega Ferreira, Teolinda Gersão, Urbano Tavares Rodrigues, Manuel Jorge Marmelo, Paulo Kellerman, Gonçalo M. Tavares, Ondjaki, Afonso Cruz, A.M. Pires Cabral e Eduardo Palaio foram outros distinguidos com o prémio.