O tempo é de colheitas e de vindimas e no ar sente-se o cheiro a caldo verde, a broa de milho e a presunto. Bebe-se pela malga o vinho que pinta a boca e come-se o pão com chouriço ainda quente. Há que ganhar forças para dançar ao som das concertinas e mais tarde fazer a desfolhada. É o fim-de-semana da Feira Grande de S. Miguel e Vila Nova de Famalicão recuou vários séculos na história e trouxe o campo à cidade a reboque das mais genuínas e populares tradições.
Foi assim por estes dias na cidade famalicense, com milhares de pessoas a visitar a Feira Grande. E não faltou nada. Trajados a rigor, os mercadores trouxeram consigo os melhores produtos do seu quintal, acabados de colher. Lado a lado com os agricultores e artesãos estava o gado bovino e equino, grandes protagonistas deste evento. E por todo o lado desfilavam os cantares ao desafio e o folclore minhoto.
Para além do mercado, o evento ficou marcado pelo já tradicional concurso de gado, pela vacada, pela gala equestre, pelo desfile de charretes e pela desfolhada minhota. A exposição de gado bovino e equino conquistou a atenção dos visitantes, principalmente dos mais novos.
Famalicão voltou assim a cumprir a ordem dada Rei D. Sancho I, em 1205, quando concedeu o Foral às terras de Vila Nova e ordenou que aqui se fizesse uma feira como forma de estimular a atividade comercial. Hoje, a Feira de S. Miguel continua a fazer-se e, para além da importância comercial, ganhou uma importância cultural e turística, sendo um dos eventos mais marcantes da história e da identidade de Vila Nova de Famalicão.
Para Paulo Cunha, esta é melhor forma de “prestarmos a nossa homenagem aos nossos antepassados e de recordarmos, de forma genuína, esta nossa tradição que faz parte da memória coletiva famalicense”, referindo que “é fundamental preservar esta nossa identidade na construção do futuro”. O autarca acrescentou ainda que “com a Feira Grande de S. Miguel pretende-se perpetuar estas tradições, transmitindo-as de geração em geração”.