Não é por acaso que em “Cânticos de Barbearia” Lupicínio Rodrigues entra na barbearia de Tony de Matos. É que embora tenham partilhado as mesmas salas de espetáculo do Brasil, entre 1954 e 1965, não há registos de que os dois músicos se tenham alguma vez cruzado. Têm, pois, muitas afinidades para pôr em dia, nesta barbearia que Carlos Tê idealizou para corrigir na posteridade o desencontro entre ambos na terra.
A peça, escrita pelo compositor português e encenada por Luísa Pinto da Narrativensaio, estreia esta quinta-feira à noite na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, onde vai estar em cena até sábado, 18 de março, no grande auditório.
A ideia, conta a encenadora, surgiu há cerca de um ano, “quando o Carlos Tê me disse que estava a escrever um texto sobre o Lupicínio Rodrigues, por quem se tinha ‘apaixonado’ numas idas ao Brasil, e que o queria juntar ao Tony de Matos, que foi o nosso maior escritor romântico”.
É aliás sobre canções de amor, ou como dizia Lupicínio, canções de “dor de cotovelo”, que gira a conversa entre os dois músicos durante toda a peça.
“Quando começamos a planear este espetáculo e quando dizíamos que íamos fazer uma peça sobre estes dois cantores, uma das coisas que mais sentimos é que existe algum preconceito em falar de cantores românticos. As pessoas não conseguem perceber que conseguimos transpor para atualidade tudo os que eles cantavam e que o tema do amor é universal e vai ser falado, escrito e rescrito por séculos”.
Para além de uma justa homenagem a estes dois nomes da musica popular portuguesa e brasileira, Luísa Pinto espera que “Cânticos da Barbearia” sirva também para despertar os portugueses para “o riquíssimo” património imaterial do nosso país.
“Temos quase vergonha de pegar nele e de o recriar e tal como o repertório do Tony de Matos, tenho a certeza que há muita coisa que podemos experimentar, recriar e trazer para o palco. É uma forma de mostrar às novas gerações estas vozes e estes textos tão ricos. O teatro tem também essa função”, acrescenta.
Depois da estreia em Vila Nova de Famalicão a peça arranca em digressão com datas um pouco por todo o país, para mais tarde ser apresentada em palco brasileiros.
Os bilhetes para as datas na Casa das Artes estão à venda pelo preço de 8 euros, reduzindo para metade para estudantes e portadores do Cartão Quadrilátero Cultural.
FICHA ARTÍSTICA
Texto e Direção Musical: Carlos Tê
Encenação, Cenografia e Figurinos: Luísa Pinto
Interpretação: Pedro Almendra, Allex Miranda e Filipa Guedes
Interpretação Musical: Eduardo Silva
Desenho de Luz: Bruno Santos
Máscara: Carlos Matos
Execução de adereços: José Lopes
Assistente de encenação: Ricardo Regalado
Assistente de Produção: Cláudia Pinto
Imagem Promocional: Daniela Santos
M/12
Duração: 70’