A vila de Riba de Ave foi durante o século XX um dos principais centros industriais do Vale do Ave, fervilhando diariamente com os milhares de trabalhadores têxteis que laboravam sobretudo na Sampaio Ferreira – a primeira e a mais completa fábrica têxtil algodoeira da região. O dinamismo económico permitiu que Riba de Ave fosse uma das primeiras freguesias de Portugal a beneficiar de eletricidade e a possuir iluminação pública. Além disso, a vila destacava-se pela vida cultural e social que proporcionava através de estruturas como o mercado municipal, o teatro Narciso Ferreira, mas também as escolas, o hospital e o quartel de bombeiros. A crise do têxtil fez encerrar empresas e diminuir fortemente esta dinâmica da vila que ficou a braços com uma unidade industrial devoluta e paisagisticamente pesada. Riba de Ave esmoreceu, mas a população nunca desistiu de recuperar este património histórico e cultural de grande valor.
À força de vontade da população juntou-se o entusiasmo e determinação do presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha, que conseguiu agora captar um investimento superior a cinco milhões de euros para Riba de Ave, no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), que será desenvolvido até 2020.
Para já estão programadas as intervenções referentes à reabilitação do Teatro Narciso Ferreira, à reconversão da Unidade Industrial Sampaio e Ferreira e ainda à regeneração da frente ribeirinha do Rio Ave. “São três projetos fundamentais que irão devolver aos ribavadenses uma parte importante do seu património histórico, dignificando a vila e o seu passado notável”, afirma a propósito Paulo Cunha.
A reabilitação do Teatro Narciso Ferreira vai permitir recuperar integralmente o edificado preservando os elementos caraterizadores do edifício tanto ao nível da linguagem arquitetónica como da sua caraterização espacial, possibilitando a criação de uma programação cultural constante. No que diz respeito à Unidade Industrial Narciso Ferreira, pretende-se criar espaços de larga experimentação e multifuncionalidade, através do envolvimento de vários agentes económicos, culturais e sociais. Por fim, será desenvolvido um projeto para regenerar a frente ribeirinha do Rio Ave, que se encontra bastante degradada.
Refira-se que no total, com o PEDU, Vila Nova de Famalicão conseguiu atrair para o concelho um financiamento de 17,5 milhões de euros, superando em mais do dobro o apoio conseguido para a reabilitação urbana durante o anterior quadro de apoio de fundos comunitários, o QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), que vigorou no período 2007-2013 e que mobilizou para o concelho cerca de 7,9 milhões de euros.
A inclusão de Riba de Ave neste pacote de investimentos só é possível porque a vila possuía as condições que permitiu ao município criar aqui uma Área de Reabilitação Urbana que determina a necessidade de congregar um conjunto de intervenções e investimentos integrados, em consequência de uma estratégia previamente definida, assegurando a salvaguarda do património edificado e o desenvolvimento sustentável do respetivo território.