“A crise aguça o engenho”. A máxima encaixa que nem uma luva na
experiência de Miguel Mesquita, jovem arquiteto de Famalicão que se
tornou produtor de cogumelos em toros de madeira de carvalho e
eucalipto. Para arranjar um rendimento extra Miguel Mesquita criou a
“Estória dum Cogumelo”, a marca dos cogumelos que produz e comercializa
na residência da família, onde um campo de ténis deu lugar a uma estufa
com cogumelos 100% biológicos. Este é um exemplo de um jovem atento às
oportunidades – o seu projeto foi financiado pelo Programa de
Desenvolvimento Regional PRODER – e sem medo de arriscar. O
empreendimento foi visitado nesta segunda feira, 14 de julho, pelo
Presidente da Câmara Municipal, no âmbito do programa "Famalicão Made
IN".
O projeto de Miguel Mesquita, envolve toda a família, tem
sensivelmente dois anos e traduz-se hoje na presença de 60 toneladas de
madeira dentro de habitação dos pais. Os cogumelos “shiitake são
vendidos diretamente ao consumidor, são ricos em vitaminas e têm efeitos
terapêuticos.
Existem mais jovens famalicenses que seguiram o mesmo
caminho do Miguel. No último quadro comunitário de apoio 2007-2013 foram
aprovadas em Famalicão 41 candidaturas aprovadas ao prémio de jovem
agricultor que incluíam apoio ao investimento, num valor global de
7.302.921,19 €, ou seja, mais de 7 milhões de euros. Jovens que, na sua
esmagadora maioria, não têm qualquer ligação com a agricultura mas que
acreditam que com muita dedicação e empenho tudo é possível.
Famalicão, 14 jul (Lusa) - A crise aguçou o engenho de um jovem arquiteto de Famalicão, que decidiu transformar o campo de ténis da casa dos pais em estufa e aventurar-se na produção de cogumelos “shiitake” em troncos de madeira.
Miguel Mesquita, 32 anos de idade, garante que o negócio está a correr bem e já espreita a possibilidade de exportar.
Como o ramo da arquitetura “não está a viver os seus melhores dias”, Miguel encontrou na produção de cogumelos em troncos de madeira uma saída para compor o seu rendimento mensal.
Instalou duas estufas, uma das quais no campo de ténis que a família havia instalado no jardim da sua habitação, “numa altura em que havia essa possibilidade”.
“A crise obrigou a procurar outras soluções e esta foi uma boa forma de rentabilizar esse espaço, que já não estava a ser utilizado”, confessou.
Candidatou-se ao Programa de Desenvolvimento Regional (PRODER) e agora tem pela frente 100 toneladas de madeira, que em três anos lhe deverão render 10 mil quilos de cogumelos.
O processo é simples: faz-se uns furos nos troncos e nesses orifícios injeta-se a semente.
Ao fim de 6 a 7 meses, os troncos são sujeitos a um choque térmico, após o que os cogumelos começam a nascer.
O trabalho envolve toda a família, nomeadamente a mãe de Miguel, que de noite tem um papel relevante na “caça às lesmas”, para evitar que estas comam o cogumelo.
Para já, a produção é toda vendida diretamente ao consumidor, até porque a quantidade ainda não é significativa, mas Miguel confia que o volume vai aumentar e espreita já a oportunidade de exportação.
“Sozinho, certamente que não terei capacidade de exportação, mas sei que já há outros produtores, nomeadamente em Famalicão, e se nos juntarmos este é um projeto com asas para voar”, referiu.
Garantindo que não está a querer puxar “a brasa à sua sardinha”, afiança que os cogumelos que produz, 100 por cento biológicos, são ricos em vitaminas e têm efeitos terapêuticos, nomeadamente para prevenção de cancro.
A candidatura ao PRODER ascendeu a 57 mil euros, que aquele programa financia em 50 por cento, mediante a apresentação das faturas.
Miguel recebeu ainda um prémio de 20 mil euros por ser um jovem agricultor.
Fonte: Lusa // VCP // MSP